quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

MUDANÇAS SOCIAIS E ECONÔMICAS


Mudanças sociais e econômicas
As transformações intensas que estamos vivendo, talvez as mais profundas de toda a história humana, estão sendo provocadas pela intensa evolução tecnológica. Esta escala de mudanças revolucionárias , mudará por completo todo o relacionamento social da humanidade, sem que estejamos totalmente preparados para modificações tão drásticas, ocorrendo em tão curto intervalo de tempo.
Examinando a comunidade humana como um todo, encontramos enormes diferenças sociais entre gigantescas fortunas e profunda miséria. Essa herança atávica e maldita nos foi deixada pela Era Industrial e pela Sociedade de Massa, pela organização do trabalho robótico e pela busca insensata de maior produtividade, enfim pela implantação de um espíritu extremamente competitivo e muitas vezes anti-ético.
No século XIX, a partir das idéias de David Ricardo, algo sombrias, desenvolveu-se a sociedade de Herbert Spencer (1820-1930), o qual adaptou as idéias de Darwin, da biologia para a sociedade humana, glorificando os ricos como o resultado de uma seleção natural de sobrevivência do mais forte. Tais idéias atravessaram o Atlântico e tornaram-se quase uma revelação divina para os Norte-americanos da época. O rico passou a ser o beneficiário inocente de sua própria superioridade. O interessante é que parte dessas idéias sobrevive até hoje em pleno século XXI e permeia a sociedade em que normalmente as coisas são colocadas em termos de vencedores e vencidos (perdedores), sobretudo quando se trata de sucesso econômico-financeiro. Não que a era industrial tenha sido destituída de benefício para a humanidade. Ela destruiu, em grande parte, os direitos de hereditariedade e a escravatura, abrindo possibilidades de maior mobilidade social. Todavia acabou também com valores humanos fundamentais e as conquistas sociais foram conquistadas através de várias revoltas, revoluções, guerras acompanhadas de muita crueldade e intenso derramamento de sangue.
Hoje a humanidade habituou-se a ética e a forma de ser da sociedade de massa implementada pela era industrial. Foram sedimentada certos valores que emergiram após o renascimento, como o direito ao lucro, a remuneração de empréstimos e juros, a cessão de direitos, a exploração de recursos agrominerais, a exploração de serviços públicos, o direito de patentes, a exploração de descobertas. Quase todos esses direitos estão ligados a interesses financeiros, à organização de empresas e uso intenso do capital.
Sedimentaram também valores sociais, como o trabalho permanente, o trabalho para toda a vida, o cidadão trabalhador e eficiente, a sociedade democrática representativa, as aposentadorias, a propriedade privada absoluta, a relação monotônica entre qualidade e preços, as profissões liberais especialisadas em setores específicos do conhecimento, os direitos legais de exercícios proficionais dentre outros. Todos esses valores e regras firmados em 300 anos de Era Industrial serão agora obrigatóriamente reavaliados, modificados em profundidade e estruturados na Era da Informação, a INFOERA.
Se por um lado a situação atual torna mais remota a possibilidade de uma guerra em escala planetária, em nenhum momento da história humana uma nação teve poder tão hegemônico, por outro lado, assistiremos ameaças e intervenções nos mais diferentes países, em nome da Pax Americana e suas razões sem que haja respeito ao direito internacional. Nas rerelações entre nações, embora disfarçadamente, ainda predomina a lei do mais forte.
É notório que hoje existe uma moeda hegemônica e uma assombrosa quantia de recursos monetários, medida em muitos trilhões de dólares, esvoaçando pelos mercados mundiais em busca de melhores aplicação e maiores lucros. É do conhecimento de todos também o crescente endividamento de governos e do público em geral, endividamento que cria condições favoráveis para o deslocamento do capital financeiro necessário aos investimentos produtivos.
Nessas condições, o endividamento generalizado amplia as possibilidades de movimentos especulativos, crises financeiras que se transformam em crises políticas.
Insistimos que o endividamento em progressão crescente, associado aos investimentos especulativos em bolsas e mercadorias acaba por deslocar o capital financeiro em busca de investimentos produtivos. O lucro pelo lucro numa velocidade assustadora que mais cedo ou mais tarde desaguam em crises financeiras de maiores proporções. É nesse ambiente caótico e turbulento, desenvolver-se-ão Redes Cooperativas e também novas relações trabalhistas.
O emprego não só mudará de natureza, modificando-se profundamente, como em muitos casos desaparecerá por completo.  A rede mundial com sua capacidade de intero-operabilidade ampliadas, tornaras comuns o trabalho e as tarefas distribuídas. Possibilitará também a existência de Redes Cooperativas de trabalho tecnológicos voltados para o saber. Finalmente propiciará a existência cada vez mais comum de Telemicroempresas criando uma INFOECONOMIA.
Em todo o mundo observa-se também, a crescente desvalorização do trabalho não-especializado e de baixo nível educacional. Na verdade num prazo de dez anos , provavelmente todo trabalho repetitivo, mesmo o de caracter intelectual, será feito por máquinas. Restarão aos seres humanos apenas as atividades em que devam ou consigam exercer a intuição e criatividade. A profunda mudança nos parâmetros que regem as relações trabalhistas e a natureza do próprio trabalho exigem que desde já se implemente uma cruzada educacional e cultural, visando a adaptação de dezenas de milhões de pessoas à Era da Informação.
O desemprego tecnológico na era industrial não foi novidade. A INFOERA, introduzirá novos parâmetros existênciais, em que a ociosidade e o laser deverão ser encorajados. A propagação das informações e a queda generalizada de custos dos produtos e serviços moldarão uma nova sociedade, cujos rumos ainda estão indefinidos, mas poderão proporcionar a todo genero humano uma qualidade de vida e dignificação sem precedentes na história.
A função básica das pessoas de bem e de iniciativa deverá deverá ser de possibilitar que a avalanche de inovações seja de certa forma benéfica e esteja ao alcance de um número cada vez maior de pessoas, de forma a tornar as transições sociais, que rapidamente se avizinham menos dolorosas. Embora ja estejamos vivendo em plena INFOERA, é preciso ter em mente que a maior parte, a mais intensa, da revolução da informação ainda não ocorreu. É importante ter claro que as transformações trazidas pela INFOERA, serão muito mais profundas que a era industrial. Enquanto esta exigiu 300 anos a INFOERA não precisará de 30.
Cabe a cada um de nós nos conscientizarmos dessas mudanças, de sua inevitabilidade e agir de tal forma que o mundo de nossos netos seja melhor e mais justo, onde as inquietações de hoje sejam definitivamente banidas e o homo sapiens possa de fato fazer jus à sua autodenominação.

Estas são idéias do Professor João Antonio Zuffo contidas no livro A Sociedade e a Economia no Novo Milênio.

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